É o segundo ano seguido com preços médios no segundo semestre menores do que na primeira metade do ano. A crise econômica deixou sua marca no mercado do boi gordo em 2015 e 2016 descaracterizando a entressafra em termos de preços.
“Sem venda de carne” não há ímpeto para aumentar a compra de matéria-prima. Pode até faltar boi, mas o mercado não sobe, o que ocorre é um ajuste entre pouca oferta e consumo fraco.
Mas este não é o assunto deste material, embora parte do que será relatado, que diz respeito ao comportamento dos preços da arroba, é resultado deste cenário.
O foco aqui é a situação das margens de quem recria e engorda.
E, antes de apresentar os números, o resumo é que o mercado de insumos, que compõem grande parte dos custos de uma fazenda, dificultou bastante a vida de quem engordou boi em 2016.
Vamos considerar uma vaca que emprenhou em dezembro de 2012, pariu em setembro de 2013, desmamou um bezerro oito meses depois, em maio de 2014, e este tenha atingido o peso de garrote, entre 10 e 11 arrobas, entre março e abril de 2015, quando foi vendido para uma fazenda de engorda.
A partir deste mês passamos a acompanhar o comportamento dos preços da arroba e dos insumos utilizados da pecuária corte através do índice de Custos de Produção da Scot Consultoria.
Se este bovino for vendido aos 38 meses de idade, em novembro, o custo subiu em média, desde abril, 17,6%, enquanto a arroba do boi gordo subiu 10,6%. O resultado apertou.
E 2016 foi o ano mais difícil, dos últimos três, em termos de margem.
Note nas figuras de 1 a 3 como os sistemas de recria e engorda, cronologicamente, foram ficando cada vez “mais difíceis”. O mercado de insumos foi consumindo as margens.
Esta sequência de gráficos pode representar uma fazenda em três ciclos diferentes deste sistema.
Separando os produtos que compõem o Ìndice de Custo da Scot Consultoria, os alimentos, suplementos minerais e concentrados, itens que possuem a maior participação dentro de uma fazenda depois da aquisição de animais, foram os que mais subiram no período, 29,3%. Entre 30,0% e 40,0% dos custos de um sistema de recria e engorda a pasto que faça suplementação o ano todo são provenientes da alimentação do rebanho.
Para completar, os preços do bezerro em 2015 estavam em patamares elevados, o que exigia mais eficiência ao pecuarista neste último ciclo de engorda demonstrado na figura 3.
É importante lembrar que essa variação do custo acima do preço da arroba não indica, necessariamente, prejuízo. Mas, para conseguir bons resultados, principalmente comparado a anos anteriores, fica claro que aumentar o ganho em escala foi a saída.
E, ao que tudo indica, mesmo com uma expectativa de custos subindo com menos força em 2017, a arroba também deve seguir sem força para altas e isso dar origem a um cenário parecido com o que tivemos em 2016. Garantir margem é um dos pontos importantes para o próximo ano, principalmente na seca, quando aumentam os custos de produção.
Por: Alex Santos Lopes da Silva
Fonte: Scot Consultoria